sábado, 7 de maio de 2011

[OPINIÃO] NO FUNDO DO POÇO

A Portuguesa Santista estreou no domingo passado na última divisão do futebol paulista, derrotando o vizinho São Vicente, por 2 a 0.

É com muita tristeza que vejo a nossa querida Briosa se encontrar neste patamar.

Lembrando que há pouco tempo - cinco anos atrás - ela estava na elite do futebol paulista, enfrentando as principais equipes do Estado.

Tudo bem, que a história da Portuguesa é marcada por altos e baixos, mas, nunca tão baixo, ela sempre habitou as duas principais séries de São Paulo. Tivemos os acessos de 1964 e 1996, e o rebaixamento de 1978 - apesar da arrancada sensacional no returno - até o descenso de 2006, quando o clube começou à despencar de divisões.

Fui criado aprendendo a gostar do clube, lembro-me das histórias deliciosas de meu avô, que passava suas tardes em Ulrico Mursa, me contava as peripécias de Berestein, o lendário ponteiro argentino, que batia escanteios e penalidades de chaleira. Lembro-me também da emoção que era entrar em Ulrico Mursa, ainda garoto, e assistir aos jogos atrás dos gols.

Anos mais tarde tive o prazer de vestir a camisa rubro-verde, primeiro, dos 12 anos até quase completar 16, depois, como  profissional. Éramos uma família no departamento amador, jogávamos e depois assistíamos aos jogos do time de cima, torcendo para Jovenil, Otávio, Tonhão, João Carlos, Roberto Cabeleira e Tuíco em início de carreira, dar cada gota de suor pela vitória.

Naquela época a Briosa formava jogadores, Balu, Fernando Matos, o goleiro Marquinhos e o endiabrado Totonho, foram alguns exemplos de atletas revelados no clube, e que posteriormente prestaram serviços à equipe profissional.

Sei que o futebol mudou bastante, se tornou impraticável sem uma  parceria, mas sinto, que a Portuguesa da metade da década para cá, perdeu sua identidade com a cidade, foi cada vez mais se tornando um  time de aluguel, se distanciando aos poucos, dos torcedores e de seus simpatizantes.

Essas terceirizações desesperadas com empresas que tem carta branca para fazer o que bem entendem, trazendo jogadores à esmo, sem responsabilidade com as consequências, aliados a falta de diálogo entre os departamentos profissional e amador, foram alguns dos motivos que levaram a Briosa ao lugar que ela se encontra hoje.

Talvez um bom departamento de marketing - o grande filão encontrado pelos clubes - evitasse essa prática de ingerência, trazendo o futebol profissional novamente para as mãos do clube, e com os recursos captados pela nova forma de parceria, pudesse ao menos armar uma boa equipe. Mesclando jogadores experientes em divisões de acesso, com atletas emprestados gratuitamente pelo Santos, além de outros formados na própria base.

Claro que não é uma tarefa fácil, mas a Portuguesa se bem trabalhada, possui um considerável apelo comercial, por se tratar de uma agremiação simpática e, acima de tudo tradicional no Estado.

Vamos torcer para que a diretoria lusa tenha acertado na escolha do caminho traçado para esta temporada, e consiga subir consecutivamente na mesma velocidade que desceu do topo da elite paulista, fazendo em breve contra o Santos, o verdadeiro "Clássico das Praias" (veja abaixo).


Neste clássico realizado na Vila Belmiro, válido pelo Campeonato Paulista de 1960, a Portuguesa atuou com a seguinte formação: Hélio; Alan, Adelson e Henrique; Jorge e Clóvis; Renatinho, Castelo, Pacoti, Lorico e Norberto (Sérgio). 

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