quarta-feira, 6 de julho de 2011

[OPINIÃO] CAMISA 10: UM PRODUTO EM EXTINÇÃO

No início desta semana, o ex-treinador Carlos Alberto Parreira, declarou entre outras coisas, que o futebol brasileiro não produz mais "camisas 10" como antigamente, e ainda apontou para os possíveis culpados: "Este problema pode estar na base, que privilegia a força e sufoca a técnica.", disse.

Realmente, este é um problema crônico, que na minha opinião começou na década de 80, com a perda das Copas, principalmente a de 82. Naquele time fantástico, jogavamos praticamente com quatro meias: Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico. Tinhamos outras dezenas de jogadores capacitados nessa posição, Pita, Jorge Mendonça, Tita, Jair do Inter, Mendonça do Botafogo, Zenon, Luvanor, entre muitos outros.

Depois da tragédia de Sarriá, vieram os questinamentos, e a mania do nosso país em copiar sistemas táticos provenientes da Europa, como o dos ingleses, inventores do futebol e donos de apenas um título mundial, jogado em casa e decidido com um gol irregular. Aqui, os "entendidos", não procuram situações que possam dar equilíbrio a sistemas ofensivos, sem tirar o talento nato do nosso atleta.

Simplesmente fazem o contrário, os treinadores, como o próprio Parreira, foram colocando brucutus e cabeças-de-bagres, tirando espaço de meias criativos, que ficavam sentados no banco, observando estes "salvadores de empregos" jogar.

Para azar do futebol brasileiro, ganhamos em 94, com o próprio, utilizando quatro volantes, que davam sim, sustentação defensiva, mas quase nenhuma opção na frente. Todos sabem que esse sistema só funcionou pois tinhamos dois extraordinários atacante.

Parreira pode ter esquecido que, em 94, Palhinha vivia grande fase no São Paulo. Inteligente e criativo, o meia havia sido peça fundamental no título mundial de clubes, e teve apenas uma oportunidade, devido ao clamor popular.

Vale lembra também, que vários meias habilidosos, devido a influência de treinadores, viraram volantes de marcação. Como o pentacampeão Emerson, que apesar de poucos saberem, começou atuando com a camisa dez do Grêmio, era cerebral, cadenciado, e virou o que todos conhecem.

Outro que poucos sabem, foi Dunga. O estilo guerreiro e duro, em nada se assemelhava ao jogador que foi convocado para a seleção brasileira de juníores em 1983, um meia criativo, e muitas vezes criticado por reter a bola em demasia.

Acho, que hoje a história esta mudando, já se estimula a habilidade do garoto na base, mas a cultura retrógada da maioria dos treinadores, ainda os empurram para o ataque, inibindo a formação do meia clássico. Mas... já é um avanço!

Nenhum comentário: