sábado, 25 de junho de 2011

[INFO] OS MENINOS DA VILA - A HISTÓRIA

"Um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar", definitivamente este ditado não se aplica ao Santos Futebol Clube. O destino trouxe no final da década de 50, um garoto de Três Corações para assombrar o mundo, a descarga deste fenômeno foi tão poderosa que, anos depois, as faíscas foram capazes de produzir três gerações encantadoras.

O resultado desta intrigante obra da natureza gerou ciclos fantásticos na história do clube, formando craques e gerações que se superam a cada fornada. Tanto é, que não sabemos até aonde pode chegar esta última safra, representada por Neymar e Ganso.

Se a primeira geração parou em conquistas do âmbito estadual, a segunda abocanhou dois Brasileiros. Esta atual, extrapolou os limites, papou praticamente tudo que encontrou pela frente - dois Paulistas, uma Copa do Brasil e uma Libertadores - só não levou o Campeonato Brasileiro de 2010 por problemas internos.

O termo Meninos da Vila surgiu em 1978, através do ex-atleta e então treinador do time Chico Formiga. Ele sempre se referia aos seus jogadores, chamando-os de "meninos". Abaixo, detalhei as três fantásticas gerações, dividindo-as por partes, confiram:

1ª GERAÇÃO (1978 - 1983)


Craques principais: Pita, Juary e João Paulo.
Aonde chegou: Paulista de 1978 (campeão); Paulista de 1980 (vice) e Brasileiro de 1983 (vice)
Time-base 1978: Vítor (Flávio); Nélson, Joãozinho, Neto e Gilberto; Clodoaldo (Zé Carlos), Aílton Lira (Toninho Vieira) e Pita; Nilton Batata, Juary e João Paulo. Técnico: Formiga.
Time-base 1980: Marolla; Nélson, Joãozinho, Neto e Washington; Toninho Vieira, Rubens Feijão e Pita; Nilton Batata, Claudinho e João Paulo. Técnico: Pepe.
Time-base 1983: Marolla; Toninho Oliveira, Márcio Rossini, Toninho Carlos e Gilberto; Dema, Paulo Isidoro e Pita; Camargo, Serginho e João Paulo. Técnico: Formiga.

Entre 1974 e 1977, o Santos viveu um período muito difícil na sua história. Um ano após a conquista do Paulistão de 73, o clube sofreria a perda do Rei Pelé, que se despediu no histórico jogo contra a Ponte Preta na Vila Belmiro, para seguir uma nova vida nos Estados Unidos.

A pressão para manter o nível de conquistas, e em paralelo, para o surgimento de um novo Pelé, seriam cruciais para mergulhar o clube numa crise que parecia não ter mais fim. Várias “promessas” da categoria de base eram logo comparadas ao Rei do Futebol, o jovem Cláudio Adão foi o caso mais emblemático, só foi se consagrar anos depois no futebol carioca, defendendo o Flamengo.

A situação seguiria complicada até o início de 1978. A gota d´agua viria numa derrota em pleno Pacaembu para o bom time do Operário de Campo Grande, que por sinal chegaria às semifinais daquele Brasileirão. Revoltada, a torcida santista depredou o estádio, deixando o clima no clube insustentável.

Chico Formiga assumiu a equipe, começando uma renovação gradativa. Ele manteve os experientes laterais Nélson e Gilberto, ambos vindos do São Paulo, segurou Aílton Lira e o zagueiro Neto recém chegados da Caldense, e o ponteiro Nilton Batata do Atlético Paranaense, além de acreditar nas recentes contratações dos dois desconhecidos “Joãozinhos”, o zagueiro do Vitória manteve o nome, enquanto o ponteiro esquerdo, oriundo do São Cristóvão, passou a se chamar João Paulo.

Formiga deu moral aos jogadores promovidos da base, como Juary e Rubens Feijão, pinçou o futuro craque Pita para integrar o elenco de cima, e depois durante o ano foi subindo outros garotos, como: Zé Carlos, Toninho Vieira, Cardim, Claudinho e Célio.

O time engrenou durante o Campeonato Paulista, virou a sensação da competição. Os garotos ganharam personalidade e conjunto, jogavam de igual para igual frente ao poderoso Corinthians de Sócrates, Zé Maria, Wladimir e Cia., atropelavam o São Paulo de Waldir Peres, Serginho e Zé Sérgio, e batiam os fortíssimos times de Campinas, comandados por Careca, Zenon, Renato, Dicá, Lúcio, Carlos, Oscar e etc.

A coroação veio com o título paulista de 1978, em cima do São Paulo. Dois anos depois, o Santos ficaria com o vice-campeonato, desta vez sendo derrotado pelo próprio tricolor paulista.

Com Pita e João Paulo, ao lado de jogadores consagrados, como Serginho e Paulo Isidoro, o time santista ainda chegaria à final do Brasileirão de 1983, perdendo o título para o grande Flamengo da época.


2ª GERAÇÃO (2002 - 2004)


Craques principais: Robinho, Diego e Elano.
Aonde chegou: Brasileiro de 2002 e 2004 (campeão) e Libertadores de 2003 (vice).
Time-base 2002: Fábio Costa; Maurinho, André Luis, Alex e Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego; Alberto (Willian) e Robinho. Técnico: Leão.
Time-base 2003: Fábio Costa; Reginaldo Araújo, André Luis, Alex e Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego; Ricardo Oliveira e Robinho. Técnico: Leão.
Time-base 2004: Mauro; Paulo César, Ávalos, Leonardo e Léo; Fabinho, Preto Casagrande, Elano e Ricardinho; Robinho (Basílio) e Deivid. Técnico: Wanderley Luxemburgo

Novamente a história se repetiria, o jejum de títulos incomodava os dirigentes e a torcida. Já se passavam dezoito anos que gol decisivo de Serginho havia dado o título do Paulistão de 84. O vice-campeonato brasileiro de 1995 comandado por Cabralzinho, tinha sido a última boa safra de garotos.

Ao invés de dar continuidade no bom trabalho, Santos e Cabral não se entendem e o contrato do treinador não é renovado. A busca incessante pelo título segue, loucuras eram feitas, elencos caros recheados de medalhões, não davam os resultados almejados.

Seis anos depois o Santos tenta reparar o erro cometido em 95. Cabralzinho retorna à Vila Belmiro dando início a um novo trabalho. Efetiva como titulares os desconhecidos Elano e Renato (atualmente no Botafogo), ambos oriundos do Guarani.

Guinda o atacante Willian da equipe de base e prepara o planejamento para 2002, tendo como prioridade profissionalizar o meia Diego e um garoto chamado Robinho, que não era aproveitado pelo técnico Sérgio Farias no sub-20. Mas novamente o contrato do treinador não é renovado.

Em abril de 2002 o Santos encerraria sua participação no torneio Rio-SP empatando com o Bangu, depois teria que enfrentar um hiato de quatro meses sem partidas oficiais. Com a falta de dinheiro em caixa e sem alternativa, o presidente na época Marcelo Teixeira começa a enxugar a folha salarial.

Quem encabeça a lista é Celso Roth, o treinador não aceita a redução de seus vencimentos pela metade. Com esse cenário é contratado o técnico Emerson Leão. Os jovens Diego e Robinho ganham personalidade, Elano que estava para ser dispensado, fica a pedido de Leão, o treinador também pede a contratação do zagueiro Alex, que estava em período de testes.

A equipe se classifica no Campeonato Brasileiro ficando com a última vaga, a partir daí, ganha maturidade e vai eliminando seus rivais até a conquista do título, derrotando o Corinthians por duas vezes. No ano seguinte, chega a final da Libertadores, mas é derrotado duas vezes pelo Boca Juniors.

Em 2004, já sem Diego, mas com Robinho e Elano fazendo a diferença, conquistam novamente o Campeonato Brasileiro, comandados por Wanderley Luxemburgo, e consagrando de vez essa geração.


3ª GERAÇÃO (2010 - 2011)


Craques principais: Neymar, Paulo Henrique Ganso e Rafael.
Aonde chegou: Paulista de 2010 e 2011 (campeão), Copa do Brasil de 2010 e Libertadores (campeão).
Time-base 2010 (1o semestre): Felipe; Pará, Edu Dracena, Durval e Léo; Arouca, Wesley Marquinhos e Ganso; André e Neymar. Técnico: Dorival Júnior.
Time-base 2010 (2o semestre): Rafael; Pará, Edu Dracena, Durval e Léo; Arouca, Wesley e Ganso; Robinho, André e Neymar. Técnico: Dorival Júnior.
Time-base 2011: Rafael; Danilo (Jonathan), Edu Dracena, Durval e Léo; Adriano, Elano, Arouca e Ganso; Zé Eduardo e Neymar. Técnico: Muricy Ramalho.

O ano de 2009 termina de forma melancólica. Alijado de qualquer ambição no Campeonato Brasileiro, o técnico Luxemburgo teima em não colocar em campo a boa safra de garotos que surgia. Segundo o técnico, Paulo Henrique Ganso e Neymar, não estavam prontos para jogar, enquanto isso, o atacante André era preterido por Kléber Pereira, que mesmo em péssima fase era mantido.

No início de 2010 acontece um fato marcante, depois de muitos anos no poder, o presidente Marcelo Teixeira é derrotado pela oposição.

De novo a política "pés no chão" entra em vigor, agora sob nova direção. Para o lugar do caro Luxemburgo, é contratado o emergente Dorival Junior, que vinha conquistando títulos estaduais por onde passava. Nem Dorival, nem os dirigentes poderiam imaginar o que viria pela frente.

O elenco começa a ser montado, a ideia era fazer um bom Paulistão e ficar numa posição intermediária no Brasileiro. Edu Dracena que chegara contundido, trazido pelo antigo treinador, é mantido sob desconfiança, o volante Arouca do São Paulo, chega numa troca polêmica com Rodrigo Souto, pois muitos achavam que o Santos havia feito um péssimo negócio e, Neymar e Ganso são efetivados como titulares absolutos.

Na sequência do Paulistão o time engrena, e começa a aplicar sonoras goleadas, igualando-se em média ao time de Pelé da década de 60. O Santos conquista o estadual e faz uma contratação ousada para a Copa do Brasil, traz Robinho como pretexto de recuperá-lo para o Mundial de Seleções.

A estratégia dá certo, o time conquista a competição nacional que prevê retorno garantido para a Libertadores do ano seguinte. Quando tudo parecia perfeito, problemas de relacionamento entre Neymar e Dorival, culminam com a queda do treinador. Em seguida o time perde Ganso, contundido, e não conquista o Campeonato Brasileiro.

O ano de 2011, começa com a expectativa voltada para a Taça Libertadores da América. O treinador escolhido Adilson Batista é demitido, o auxiliar Marcelo Martelotte assume interinamente. Bem no Paulistão e em situação desconfortável na Libertadores, o Santos anuncia a contratação de Muricy Ramalho, que havia dispensado o Fluminense.

Novamente a estratégia surte efeitos positivos, o time conquista outro Paulistão e a tão sonhada Libertadores da América, consagrando esta geração como a maior, depois da Era-Pelé.

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