[CAUSO] UMA MINHA OUTRA TUA

Alfredão foi um zagueiro que despontou muito bem nos juníores do Santos no final da década de 70. Crioulo, forte, 1,98m de altura, voz grossa, vigoroso, era conhecido pela sua seriedade dentro de campo. Sem ter muitas chances na Vila, acabou indo para o Marília, onde virou capitão e xerife da equipe do interior.

Certa vez, o MAC iria enfrentar o Noroeste de Baurú, em casa. Antes do jogo começar, sob um sol escaldante e uma temperatura que acusava mais de 40 graus,  conhecidos dos dois times aproveitavam para bater um papo e matar a saudade.

O capitão Alfredão, sério como sempre, concentrado, procurava manter o aquecimento, quando chega o pontinha direita adversário, tentando puxar conversa:

- E aí Alfredão, tudo bem com a família?

- Tudo!

- ... e as crianças, tão bem?

- Tá tudo bem!- respondeu novamente sem dar atenção.

Não satisfeito, o pontinha do Norusca insiste tentando "amolecer" o capitão do Marília.

- Tá quente hoje, hein! - disse, alargando a gola da camisa.

- TÁ COMO EU GOSTO!

Sem sucesso, o pontinha tenta a última e decisiva cartada:

- Uma minha, outra tua, hoje. Beleza?

- TODAS MINHA!!! - vociferou o zagueirão, visivelmente alterado, enquanto o ponta seguia pro seu campo.


Não preciso nem falar que o pequeno ponta pipocou, foi atuar do outro lado do campo e no início do segundo tempo pediu para sair.