sábado, 16 de abril de 2011

[INFO] MESTRES DA BOLA PARADA

Só o futebol é capaz de transformar uma infração, ás vezes oriunda de uma entrada violenta, num momento de rara beleza e técnica, a cobrança de falta. É uma situação que envolve um charme especial, desde a apreensão causada pela iminência do perigo, a formação da barreira, a corrida ou o caminhar do craque para a bola, até o desfecho da jogada.

Mesmo a barreira estando ali para dificultar o cobrador, inclusive, ela foi motivo de discussão na FIFA para ser extinta, contribui para aumentar a plasticidade proporcionada por uma falta bem batida.

Ao longo da existência do futebol foram surgindo vários especialistas neste tipo de cobrança, onde é necessário ter um dom especial e para muitos, exaustivos treinamentos para aprimorar a batida. Em paralelo a isso, a bola foi mudando, por sorte, ela continua redonda (para alguns), mas a qualidade do material e a costura, foram tornando-a cada vez mais atraentes para o chutador, em consequência mais venenosas para quem pretende defender.

Não sei se por este motivo, dos anos 70 para cá temos mais batedores, em quantidade, não em qualidade, do que na era do "futebol romântico", ou talvez na época, não existisse o hábito de ter um jogador apenas encarregado para as cobranças.

A verdade, é que um dos primeiros grandes batedores da falta foi Cláudio Cristovan de Pinho, que marcou época no Corinthians nas décadas de 40 e 50, depois apareceram dois ícones desta penalidade, Pepe e Didi, cada qual na sua maneira de bater na bola.

Pepe, o Canhão da Vila, como era chamado, e como o apelido já prevê, preferia tomar uma longa distância e desferir um verdadeiro petardo na bola, seu tiro tinha uma pontaria inacreditável (como contam as testemunhas). O ex-ponteiro santista e da seleção, dizia que a primeira falta ele tentava acertar a barreira com toda força só para assustar, segundo ele, isso facilitava nas próximas.

Já o meia Didi preferia a batida colocada, tanto que foi o criador da famosa "Folha Seca", o chute saía com efeito ganhava altura, e caía inesperadamente perto do gol, o apelido surgiu em 58 depois de uma cobrança frente ao Peru no Maracanã.

Não tive o prazer de vê-los em ação, mas depois, foram aparecendo outros jogadores perfeitos neste quesito, que por sorte pude acompanhar.

Para isto, criei uma lista de craques da bola parada, sabendo que devo ter esquecido de alguns, mas vamos lá:

Rivelino: Com sua "Patada Atômica" na perna esquerda, marcou muitos gols pelo Corinthians, Fluminense e pela Seleção Brasileira, foi sem dúvida um dos maiores.

Nelinho: O ex-lateral do Cruzeiro, do Atlético MG e da seleção, fazia a bola pegar um efeito incrível, batia com a parte externa do pé, a chamada trivela, igual a ele, apenas Éder Aleixo e Roberto Carlos chegaram perto.

Zico: Para mim o maior de todos, quando a falta acontecia próxima da meia lua, a torcida já comemorava, o Galinho colocava a bola como ninguém, reflexo de muito treinamento e do seu dom especial, é claro.

Aílton Lira: Outro especialista, sua perna esquerda era mágica, tinha o estilo de bater colocado, na maioria das vezes os goleiros mal se mexiam depois de suas cobranças (Carlos que o diga). Pita e João Paulo, de tanto assistir, aprenderam as lições do "mestre", se tornando exímios batedores anos depois, no São Paulo e no Corinthians, respectivamente.

Dicá: Ex-meia da Ponte Preta, atuou também no Santos e na Portuguesa de Desportos, batia colocado com o pé direito, era frio e calculista.

Zenon: Também fez parte de uma ótima geração de batedores, seu chute era preciso, geralmente encontrava o ângulo superior da meta adversária, também usava o pé direito.

Roberto Dinamite: Especialista, sabia dosar força e colocação, fez muitos gols batendo no ângulo baixo, por muitos anos dividiu com Zico cobranças mágicas no Maracanã.

Éder: Dono de uma facilidade incrível para bater na bola, seu forte era o tiro de longa distância, mas também sabia colocar como ninguém, sua pontaria era perfeita, dificilmente errava o alvo.

Branco: Era adepto da pancada com o pé esquerdo, ficou marcado na nossa memória com o petardo no canto baixo do goleiro holandês na Copa de 1994.

Neto: Um dos maiores cobradores da sua época, sabia bater com força e colocado, para ele não tinha distância que atrapalhasse.

Marcelinho Carioca: Dono de um estilo único, batia com a parte interna do pé, fazendo a bola misteriosamente perder força e ganhar efeito ao mesmo tempo, o chute era venenoso. Inexplicável!

Petkovic: Outro mestre desta arte, fez vários gols em cobranças magnificas, invariavelmente acertando o ângulo superior.

André Cruz: Este ex-zagueiro da Ponte Preta, que depois se firmou na Itália, teve um período especial, marcando muitos gols batendo colocado com a perna esquerda.

Roberto Carlos: Bate com força e efeito, um dos poucos da história que conseguiu aliar este dois estilos numa só cobrança, chegou perto de Nelinho.

Rogério Ceni: Os números são mentem, um goleiro que fez 65 gols de falta na carreira dispensa comentários.

Ronaldinho Gaúcho: Ao longa da carreira foi aperfeiçoando o jeito de bater na bola, se tornando no futebol atual como um dos principais cobradores de falta.

Juninho Pernambucano: Outro bom batedor do futebol atual, bate com efeito, mas com a parte interna do pé.

Marcos Assunção: Vem melhorando a cada temporada, tem um estilo único, se assemelha a batida do Marcelinho Carioca, mas usa mais força.

Alex: Ex-Palmeiras, continua fazendo muitos gols de falta na Turquia, procura bater colcado por fora da barreira.

Para terminar, repare no jeito de Nelinho bater na bola, mestre do efeito, estilo carente no futebol atual.

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