terça-feira, 15 de março de 2011

[CAUSO] O "SUMIÇO" DE AGNALDO

Agnaldo, conquistou 6 títulos estaduais pelo Remo.
Nunca vi um volante com tanta disposição para marcar que nem o Agnaldo, baixo, forte, meiões arreados, sempre barbudo e com cara de bravo, era o autêntico cão-de-guarda.

Jogamos muito tempo juntos na base do Santos, depois ele passou por alguns clubes do interior paulista, jogou no Sport Recife, e se tornou ídolo da torcida do Remo na década de 90.

Em campo sempre demonstrou uma raça acima do comum.

No aquecimento antes dos jogos, fazia a contagem dos exercícios aos gritos, na preleção levava a ferro e a fogo as determinações dos técnicos.

Uma vez, ainda defendendo os juníores do Santos, o técnico Nenê tentando mostrar que a vitória seria de suma importância,. falou em tom agressivo, durante a preleção:

- Temos que tentar matar o adversário desde o começo da partida.

- ... e enterrar com vela preta!

Completou o volante, com raiva nos olhos.

Em outra ocasião, defendendo o VOCEM de Assis, Agnaldo andava bastante chateado com a campanha do time, na sua posição de capitão e líder achou que deveria tomar uma atitude drástica para mexer com os brios do grupo.

Então, "desapareceu" misteriosamente da cidade, o alvoroço estava formado, procura daqui, procura dali e nada.

No terceiro dia, o roupeiro viu uma carta num dos bancos do vestiário, era o craque.

Nela, ele elogiava o treinador Milton Buzzeto, o preparador físico, o presidente, diretores e agradecia a todos os jogadores, dizia estar envergonhado com os resultados do time e que havia resolvido deixar o clube para sempre, e que não adiantaria pedir, que não voltaria mais.

Terminou a carta escrevendo que estava na casa da sua namorada em Cândido Mota (cidade vizinha), colocou com letras bem grandes, o nome da rua e o número da casa.

Algumas horas depois, Agnaldo, o Seu Boneco, como também era conhecido, estava de volta trazido pelas mãos de um dos diretores elogiados, com o olhar triste, cabeça baixa, era aplaudido no vestiário pelos jogadores, visivelmente emocionados.

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