Guardo na memória a elegância dos meias Aílton Lira e Tadeu, o Lira mesmo com uma certa idade, encantava com seus lançamentos precisos, o jeito de bater na bola e a simplicidade que conduzia o jogo.
O Tadeu, que para quem não sabe, é o pai do Diego Tardelli, começou no Cruzeiro como médio volante, e se transformou num meia pela direita, cabeça erguida, dava no máximo dois toques na bola, era um daqueles jogadores que deveriam jogar de terno e gravata, devido a sua enorme elegância com a bola nos pés.
O time-base era: Marquinhos; Jairo, Orlando Amarelo, Arouca e Claudinho, Zé Carlos, Tadeu e Aílton Lira; Fernandinho, Aluísio e Tuíco.
Bom, mas vamos ao que interessa, a Portuguesa tinha um compromisso difícil no final de semana na sua caminhada para conseguir o acesso à divisão de elite do futebol paulista, e o seu capitão Arouca tinha contraído uma forte gripe, ficou sem treinar a semana toda e estava vetado.
No domingo, o técnico Ararinha já havia definido o time que entraria em campo, colocando o bom e raçudo Mauro Patrício na vaga de Arouca.
Nos vestiários, a equipe já começa o seu trabalho de aquecimento, com Mauro comandando os exercícios, ele inflamava o grupo contando em voz alta, e dizendo frases de impacto.
Como na época a Portuguesa se concentrava no próprio estádio e Arouca (foto) havia ficado lá em repouso, o experiente capitão resolveu passar para dar uma força ao grupo, que já estava quase entrando em campo.
Vendo o zagueiro no vestiário, Ararinha rapidamente o chamou.
- E aí "velho", dá pra jogar?
Arouca ainda abatido, enrolado num cobertor, barba por fazer e com três quilos a menos, respondeu:
"Vamos, acho que dá", disse coçando a barba.
Na mesma hora, o treinador chamou o substituto que aquecia com a garra habitual.
"Vem Mauro", ordenou Ararinha.
"O QUE? AGORA VAMOS JOGAR COM DOZE, DAQUI NÃO SAIO, DAQUI NINGUÉM ME TIRA!!!!", gritou Mauro, indignado.
A Portuguesa venceu a Francana em casa, com mais uma atuação segura do seu velho capitão.
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