sexta-feira, 16 de março de 2012

[OPINIÃO] OLHOS DE GANSO

Posso dizer que acompanho a trajetória do meia Paulo Henrique Ganso desde sua época nas categorias de base do Santos.

A primeira vez que tive a oportunidade de vê-lo em ação, foi num jogo contra o Juventus no CT da equipe alvinegra, a convite de um amigo.

Cheguei com a partida em andamento. Quando fixei os olhos no campo, a cena que vi foi a seguinte: um garoto magro e alto com a camisa 10 do Santos, apanhou a bola no grande círculo de costas para o adversário, protegeu, girou (ficando de frente para o marcador), colocou a bola entre as pernas do juventino, e partiu com passadas largas tirando os marcadores que se sucediam. Foi parar no bico esquerdo da grande área, quando bateu forte cruzado, a bola se encontrou com a parede lateral da rede adversária. Um golaço !!!

Ali, percebi que o futebol ganharia um grande craque. Demorou um pouco, não foi tão meteórico quanto Neymar. Foi acusado de lento, desligado, preguiçoso na marcação, entre outros adjetivos. É verdade que ele evoluiu, aprendeu a recompor o meio campo e a roubar bolas, pois o resto era inquestionável, apesar dos corneteiros de plantão.

Dentre todas suas qualidades, uma eu gostaria de colocar em pauta: a visão periférica. PH tem o dom de organizar, não tem pressa em dar o último passe. Enquanto faz a bola andar despretenciosamente, está tramando o xeque-mate, e, é ai que entra a tal visão.

Ele sabe exatamente quem está livre pelos lados do campo, ou os buracos que vão se formando a sua frente. Sabe calcular a força necessária e o momento propício para executar o passe fatal.

Sabemos que a visão periférica é algo que pode ser treinado. Imagine então se o meia santista o fizesse? Com certeza seria capaz de perceber a movimentação dos gandulas fora do campo. E quem sabe distinguir os sabores que o sorveteiro carrega no isopor, lá na arquibancada.

Chocolate ou limão ?

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